Postagens

Mostrando postagens de julho, 2015

Regulamento (Aos praticantes do sonho)

Imagem
Regulamento Artigo 1.º Não estacione o coração em becos sem saída (demore o tempo estritamente necessário para largar despedidas ou carregar abraços) Artigo 2.º Se beber, com o intuito de se lavar por dentro, não conduza (é quase impossível dar banho ao pensamento sem molhar a lucidez) Artigo 3.º Antes de atravessar a realidade, pare, escute e olhe, certifique-se de que não existem ilusões em contra-mão (descalce os caminhos que já não lhe servem – caminhos são sapatos que a terra nos oferece para descalçar irrealidades) Artigo 4.º Não abra a boca a beijos desconhecidos (especialmente aos conhecidos que se fazem desconhecer) Artigo 5.º Evite adormecer em sonos usados (cansam mais do que subir o infinito a pé) Artigo 6.º Seja mais sonhamor e menos sonhador (a dor não faz falta. Cria ausências) Artigo 7.º Nunca faça amor em locais proibidos, salvo em legítima defesa da saudade. Heduardo Kiesse  é um poeta angolano residente em Portugal dotado de inegável talento e de

A Alegria na Tristeza

Imagem
O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil. O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre p

Poetizando

Imagem
As lágrimas que choro Não imploram a tua pena Nem buscam certamente O que difere do dilema As lágrimas que choro São versos de um poema Qual brisa leve que inspira São serenas, são amenas As lágrimas que choro Tão internas, tão inteiras São doces alusões À minha estrada verdadeira Choro por não ser Por ter tido e não mais ter Choro porque choro Por um motivo ou por querer Ato insano esta ilusão De transpor os verbos para as mãos Criar delicadezas Por pura compulsão Elzinha Coelho