Metamorfose

Do pintor peruano Hugo Espíritu residente em São Paulo - Brasil.

E qual seria o meu papel nesta história toda? A vida chega recheada de expectativas e aí você lê numa fonte confiável, afinal, é nela que achas as respostas mais sensatas pro que precisa,"não as crie", mas só se me abdicasse de todo e qualquer sentimento; expectativa é a esperança de um tempo que ainda não existe. E alguém pode me dizer como se pode viver sem esperanças? E então a sensatez deixa de fazer sentido já que a minha pergunta agora é outra;chego na tal encruzilhada, aquela mesma que vivemos contornando o caminho para não nos dar de frente com ela. Se protela o instante, feito criança que teima em não cumprir regras, nem normas, justamente fugindo das tais escolhas. É clichê ouvir "não crie expectativas"... como se fosse fácil não ter esperança. Já nascemos com a esperança de sermos cuidados, acolhidos, alimentados, amados, assim sendo, nascemos criando expectativas, que certamente irá em algum momento ser frustante. Chego as vezes a pensar que a brincadeira da vida é essa, crias-se e frusta-se, e tenho cá minhas desconfianças, de que esperar e dar com os burros n'água  é viver essa tal vida, justamente assim, pra que não se perca o movimento. Então a vida não é estagnada, sempre haverá o tal movimento criado pelas esperanças não alcançadas. E mesmo o bruto as tem. O artista com toda sua delicadeza e sensibilidade, não se abstêm dela; e eu me imagino neste quarto tal qual a uma mosca na teia da aranha de Kafka, que além de ver seus ideais irem pro ralo, ainda tem que ver no olhar do seu algoz , a frustração indo pro mesmo buraco. E é neste quarto, o da aranha, que tento me adaptar à minha nova condição, agora sem a esperança, cuja expectativas foram todas dissipadas. Neste lugar não haverá vida, já que não há o que a move... a esperança hipócrita e todas as suas artimanhas...
"Às vezes o mundo parece uma gigantesca teia de aranha, onde, como moscas atordoadas, os nossos sonhos ficam aprisionados, à espera de serem desfeitos e macerados pela temível aranha. "


Elzinha Coelho

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